sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Insanidade



Amor derramado, escorrido pelas escadas de caracol, chegando ao térreo sem pudores ou medos de se expor. Amor aos pedaços, que se perderam pelos cantos e que foram esquecidos, ignorados, ou simplesmente abandonados. Amor bandido, sofrido, calado, contido. Amor bonito, fingido, e mesmo com dor, não deixa de ser amor.
Tenho medo de perder, medo do desconhecido, de estar sozinho nesta loucura, pois os loucos são sozinhos, e eu mesmo sem ainda ter enlouquecido já me vejo só nesta insanidade singular. O tempo passa e nada é como antes, pois perde-se sorrisos, gestos singelos, olhares, sutilezas e muitas belezas. Estou cansado de apenas guardar coisinhas que restaram de mim, preciso de algo completo para me sentir inteiramente livre, e sentir esta liberdade bater em minha face feito brisa matutina. Estou preso, trancado e predestinado a morrer da forma mais cruel, triste e trágica, pois meu peito sofre, sente e morre a cada instante neste vago mundo de palavras aladas que se misturam transformando-se na mais surreal obra em que estou limitado a me limitar. Não sou capaz de avançar o sinal, não posso me movimentar e aqui, de onde estou vejo o amor escorrido pelas escadas de meu coração. E peço-te que não deixe que me matem, ceie meu corpo! E assim tu concordarás e dirás: Não deixarei que te matem, cearei teu corpo.

Caio Polonini
05/02/2010