domingo, 21 de dezembro de 2014

Caminhando, Caio


Eu faço planos, desfaço sonhos, arrumo as malas, vou ao teu encontro. Estranho seria se eu não me enganasse todos os dias com minhas ânsias e esperanças. Foi o que o mundo me deixou então. tô me perdendo por aí, talvez te mande um alô e receba um vazio. Que bobagem achar que alguns sorrisos podem ser meus, quando também, por vezes, não quero dividir o meu.
Aquela incerteza bate em meu peito, e meus medos vem à tona. Ah fala demais, sorri demais, me olha demais, e será que terá algo demais?
Vou ao mercado, me perco nas prateleiras, quero apenas que o tempo passe logo. Dobro esquinas, origamis, cartas de amor. Procuro sombra, esse calor ainda me mata.
Onde você tá? Saudade é coisa ingrata demais, nem sempre te dá respostas e te afoga em um copo de mágoas. Eu tô cansado de ir pra lá e pra cá, vamos simplificar? Em qual dessas esquinas fica mais fácil pra eu te encontrar? Se não Caio, então quem?

Bruno Akimoto
21/12/2014

Pra vc, Caio Polonini.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

À espera do trem


E aí, quando eu menos esperava, quando eu mais precisava, você não estava ao meu redor. Meus olhos te buscam inutilmente por onde vou, e as lembranças eu carrego no bolso do meu jeans velho. Eu lembro, claro que lembro, de todos os detalhes, e sinto as sensações como se fossem cheirinho de café fresco. Sabe que, às vezes tenho vontade de largar tudo e sair correndo pra um abraço teu? Até quando vou viver nessa espera inútil e nessa inconstância insistente que persiste em me desestabilizar? O fato é que ando perdido no mundo, morrendo de amor, querendo entregar o meu cansado coração para quem aparecer primeiro, mas não por amor, mas por desespero de ganhar carinhos e beijos vazios que nunca substituirão os seus. E jamais, nem que o mundo caia sobre mim, vou me conformar, pois em meu peito está você, adormecido, mas não morto. Enlouquecido, mas não esquecido...
Será que na próxima estação do metrô que eu descer, vou te ver com as mãos no bolso me esperando com um largo sorriso? Vivo num trem, sem rumo, olhando todas as estações pelas espessas janelas de vidro, pronto pra saltar a qualquer momento em que você possa aparecer... você vem?

Caio Polonini
06/12/2014

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Ardendo ao sol


Olha aqui, preciso te dizer, eu não queria ter me apaixonado por você. Veja bem, não é tão simples assim, a gente não escolhe a quem iremos ficar esperando uma ligação, uma mensagem ou um minuto de atenção. Não posso fazer do amor um cálculo matemático onde fico contanto o tempo em sofrimento. Sou poesia, letra de música, um poço seco de inspiração. Profundo e vazio.
Tu és um passado que voa longe e me deixa em terra firme ardendo ao sol que me queima os olhos, arde a pele. Logo mais vou correr atrás de ti.
O dia amanheceu tão sem gosto, que passou e nem percebi, mas não se esqueça de mim, pois eu ainda estou aqui, em um sussurro de súplica que não me mate, que não me esmague, e que me afague e se encaixe em mim, e que confie em mim. O mundo é triste demais para que voltemos atrás. Siga, de preferência comigo, prometo te salvar do perigo

Caio Polonini
06/10/2014

domingo, 28 de setembro de 2014

Quer um café?

Eu não sei o que vem amanhã, se irei receber visita ou se irei ao encontro de alguém. Se tomarei café ou irei preferir um chá. Talvez eu precise de um abraço, de um olhar brilhante ou de apenas uma mão quente segurando a minha. O que será do amanhã? Sinceramente não sei, e me conforta saber que todos estamos na mesma condição. Pensar pode ser venenoso, cria uma ansiedade sem fim, as mãos ficam aflitas, o peito apertado... Prefiro não ficar assim, pois dói. Odeio pensar demais, querer demais, sentir demais e não ter nada de mais de volta para mim. Tô andando em uma corda bamba, viajando na maionese, sofrendo por antecipação e mais uma vez desacreditando de mim. Preparo um café ou uma vida? Sigo em frente ou recuo? Ataco ou defendo? A liberdade e independência me assusta por muitas vezes. É amplo demais, porém necessário. Preciso saber o que fazer quando eu tiver asas para voar. Enquanto não temos respostas, vou batendo a cabeça na parede, dentro do quarto escuro. É inútil dormir, a dor não passa. Está tudo do avesso e aparentemente normal.

Caio Polonini
22/09/2014

sexta-feira, 16 de maio de 2014

A felicidade alheia


Alô, meu bem, ainda estou aqui onde me deixou. Não saí muito do lugar, com medo de você chegar e eu não estar. Estou sozinho nessa estrada longa, e é uma pena que não estejas comigo. Quando olho no relógio e já é meia noite, não há mais o desejo de bons sonhos ou de que eu durma bem. Tô indo com o vento, mas meu coração congelou no tempo. Eu antes tinha tua mão para segurar, mas hoje tenho que driblar as curvas da vida e tentar pular as ondas da saudade, onde muitas vezes me afogo. Não há um único dia em que não penso em você, pois cada passo é um compasso em um espaço vazio sem ti.
A felicidade alheia nunca me foi tão irritante como hoje, e preciso vergonhosamente admitir isso, pois estou cansado de criar uma fantasia em minha rotina, onde preencho o vazio de vazio e estampo um sorriso que não existe, mas que convencionalmente exponho. Ainda estou aqui, onde me deixou, você sabe o caminho...

Bruno Akimoto
16/05/2014

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Adeus, meu bem


Estou tão dolorido que me falta o ar de vez em quando. Lembro-me quando tocou meu rosto, olhou em meus olhos com uma ternura imensa e disse que eu era lindo. Eu estava me sentindo muito bem mesmo. Quando me olhei no espelho, vi algo diferente, nunca me vi daquela forma, era uma paz... eu estava lindo!
Como todo conto de fada tem um fim, eis que transformo essa dor em lamento. A gente nunca sabe quando vai ser o último encontro, a última despedida, o último abraço, o último olhar, a última promessa. Tem coisa que vai embora com o vento, mas fica no tempo. Lembrar pode doer. Você soltou a minha mão, a mesma que um dia segurou tão forte que achei que estava seguro. Hoje, meu bem, sou um pedaço de papel dobrado em algum canto do teu quarto.

Bruno Akimoto
28/02/2014

domingo, 12 de janeiro de 2014

Combinações



Acendeu um cigarro e nem se quer perguntou, ou se importou, se eu fumava. Havia tanta indiferença em seu olhar, que me senti sem graça de puxar qualquer assunto. Um silêncio constrangedor perpetuava entre nós, e parecia que a qualquer momento um buraco iria se abrir no chão e eu iria sumir. Na verdade, o meu desejo era sumir mesmo, só não sabia como fazer isso ainda. O vazio estava tão repleto dele mesmo, que era possível ouvir o silêncio, e se passasse uma mosca, pequenina que fosse, seria como uma orquestra sinfônica. Não havia uma palavra se quer, menos ainda interesse em saber se eu gostava de determinado estilo musical, ou qual livro estava lendo. Até que em um momento, quando passou pela minha cabeça que ao menos iria me oferecer um copo de água, comentou que era melhor eu partir. E então, feito um pedaço de nada no meio do nada, sumi naquele buraco imaginário que eu já estava desejando há um tempo. Afundei-me em um breu danado, que por um instante achei que não teria saída, ou que o fim estivesse próximo e eu não precisaria mais me afogar. Talvez se tivesse morrido, não sentiria tanta vergonha da vida. Mas qual graça teria se tudo estivesse acabado, e eu morto e enterrado? Tô esperando essa escuridão passar pra poder ver o sol nascer de novo. É difícil se afogar e respirar ao mesmo tempo, pois nem sempre duas ações se completam tão bem como amar e sofrer.

Caio Polonini
12/01/2014

domingo, 5 de janeiro de 2014

Saudade descontente


É tanta doçura em um sorriso, que me belisco a todo instante para me convencer que é real. Vivo momentos, com dor no peito, pois sei que acabam. Mas vivo. O perfume me acompanha provisoriamente, logo passa, eu sei, mas enquanto posso, o respiro. Porque momentos que amaciam o coração, passam feito chuva de verão? O gosto é de fruta fresca que apodrece com o tempo, este bendito que passa para o bem e o mal. O que a gente faz com o tempo, e o que ele faz conosco? Deus queria que mais carinho apareça, pra sossegar meu descontentamento, cegar-me da crueldade e perfumar os campos por onde vou. Surpreendentemente, caminhos se cruzam, se entrelaçam, encaixam feito peça de lego, e depois se separam. É a lei da vida, onde tudo tem um começo, meio e fim. E então no meu percurso, vivo essa fofura que vira amargura, provo do doce que vira salmoura, e tranco de novo com chave o meu coração. Deixar o sol entrar pode ser doloroso, pois se eu pudesse, guardava um raio dele, em um potinho, pros dias frios e escuros. Quem não sofre, mesmo que de leve, não sabe o que é viver. Estou andando nas nuvens, in-cons-tan-te-men-te, em uma briga entre o viver e o sobreviver, ardendo de desejo, queimando no desassossego. O hoje é agora, já o amanhã, são apenas planos que não sei se terei tempo de cumprir. Promessa tola, é prometer sem saber se poderei...

Caio Polonini
05/01/2014