sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Talvez, nada mais.

Eu parei de contar o tempo e já não sei mais nada. Não sei mais agradecer, me despedir, odiar, esquecer ou deixar de sentir falta. É impossível não deixar rastros pelos caminhos que fazemos em nossa vida. Há marcas que ficam para sempre, e mesmo que percam a intensidade, são para sempre.
Eu não sei mais que horas são, apenas sinto que estou atrasado e que não adianta mais correr. Não faço idéia de que dia é hoje, talvez seja meu aniversário, ou dia de comemorar uma outra coisa qualquer, mas isso não tem mais sentido.
Já não sei mais quem eu sou, me perdi no tempo, fiquei preso no passado, pois estou morto no presente e nasci para o futuro. Sou outra pessoa. Sou mais amargo, menos feliz, mais inquieto, menos esperançoso. Sou mais e menos ao mesmo tempo. Sou uma sombra do que fui e do que serei em um futuro próximo. A cada segundo um futuro novo nasce e morre.
Esta minha variação inconstante me incomoda, mas ao mesmo tempo me agrada, pois nunca sou sempre o mesmo.
Talvez tudo poderia ser diferente, tomar outro rumo, ter outras cores, formas e sabores. Talvez a gente continue vivendo na certeza de que sentiremos algumas saudades que jamais serão amenizadas. Vai ser sempre assim, um amanhecer cheio de incertezas.

Caio Polonini
12/10/2011

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