sábado, 10 de dezembro de 2011

Amor líquido

Já amei tanto ao ponto de acreditar no que não existia. Me iludi nos caminhos tortuosos de um coração que ainda pulsa no escuro. Abracei e beijei o "nada" na sede de acreditar que quando eu abrisse meus olhos todo o pesadelo não teria passado de um espasmo de momento. Mas a realidade me deu um tapa tão forte que perdi meu rumo e precisei me reinventar. Fui obrigado a me curvar na dor para me reerguer, mesmo sem as respostas que eu precisava ouvir. Ainda perdido, eu sigo meus caminhos na ânsia de me encontrar. Calmo, sereno, seguro. Por um momento pensei em me entregar, mas seria tolice perder a grande oportunidade de viver e ver acontecer. Assim como é burrice viver e não saber esquecer, mas o que faço, se a cada esquina encontro um pedaço meu que perdi no dia em que tudo explodiu?
Eu não sei bem ao certo como a vida vai continuar e quais surpresas irão cruzar meus caminhos, mas mesmo assim eu sigo, repleto de cicatizes chorando pelos meus erros que jamais irei corrigir, e sorrindo, por saber que jamais os cometerei novamente. Fecho meus olhos, minha boca e meu coração. Morri há tanto tempo e só percebi isso quando notei que parei de cuidar de mim. Olhar no espelho, doeu. E então, fechei meus olhos e comecei a procurar uma nova formula de mim. Desisti. Cansei. Morri.

Caio Polonini
10/12/2011


Meu amor, Clarice Lispector. 10 de Dezembro, dia de seu aniversário de vida e morte. EPB, chuva, saudade, medo, noite.

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