domingo, 5 de janeiro de 2014

Saudade descontente


É tanta doçura em um sorriso, que me belisco a todo instante para me convencer que é real. Vivo momentos, com dor no peito, pois sei que acabam. Mas vivo. O perfume me acompanha provisoriamente, logo passa, eu sei, mas enquanto posso, o respiro. Porque momentos que amaciam o coração, passam feito chuva de verão? O gosto é de fruta fresca que apodrece com o tempo, este bendito que passa para o bem e o mal. O que a gente faz com o tempo, e o que ele faz conosco? Deus queria que mais carinho apareça, pra sossegar meu descontentamento, cegar-me da crueldade e perfumar os campos por onde vou. Surpreendentemente, caminhos se cruzam, se entrelaçam, encaixam feito peça de lego, e depois se separam. É a lei da vida, onde tudo tem um começo, meio e fim. E então no meu percurso, vivo essa fofura que vira amargura, provo do doce que vira salmoura, e tranco de novo com chave o meu coração. Deixar o sol entrar pode ser doloroso, pois se eu pudesse, guardava um raio dele, em um potinho, pros dias frios e escuros. Quem não sofre, mesmo que de leve, não sabe o que é viver. Estou andando nas nuvens, in-cons-tan-te-men-te, em uma briga entre o viver e o sobreviver, ardendo de desejo, queimando no desassossego. O hoje é agora, já o amanhã, são apenas planos que não sei se terei tempo de cumprir. Promessa tola, é prometer sem saber se poderei...

Caio Polonini
05/01/2014

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