segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

A casa



Se as paredes falassem, passaríamos horas ouvindo casos e acasos de momentos vividos naquela casa. A casa que abrigou diversos sorrisos, alegrias, tristezas, e nos fez viver momentos que marcaram nosso infinito particular
Cada tijolo que sustenta esta estrutura, está impregnado de momentos que hoje apenas carregamos na memória. Para mim, esta casa foi o meu reino encantado, onde nasci, cresci e descobri que cada canto tinha um significado especial.
Jamais esquecerei das cabanas fantásticas, dos retalhos que tinham formas engraçadas, do caminhão de madeira que podia me levar para onde eu queria. Da floresta encantada, cheia de flores novas, do pé de maracujá que era o que mais me encantava. Dos lençóis no varál que me serviam de cortinas pros meus espetáculos, dos jardins que serviam para eu esconder meus tesouros, das tardes calorosas onde eu podia nadar em uma piscina enorme, da sala aconchegante onde acolhia a todos para ver T.V, das ceias de natal, almoços, festas e sorrisos, sorrisos, sorrisos...
Eu sempre sonhei em morar em um castelo mágico com passagens secretas, e hoje me dou conta de que já realizei este sonhos. Nasci e vivi em um castelo mágico e sempre estive cercado pelos seres mais fantásticos que me fizeram ser o que sou hoje.
Novos dias, noites, versos, sonhos, esperanças, desejos... Eu trago minha memória e meu peito tão marcados de lembranças e me perco neste ciclo vicioso que é o de amar aquilo que não vai voltar. É amar pelo simples fato de amar, e nada mais, pois amar já me basta.
O tempo vai passar e muitos encontros e desencontros vão acontecer. Muitas perdas e ganhos estão a me esperar. E eu, perdido nisso tudo, continuo a sonhar e a imaginar os momentos felizes que irei construir desde então, pois o que vivi está pra sempre na minha mente, memória e alma. Impossível de apagar. E em meio de tantos espasmos de vida e morte, me entrego e me fecho para cada surpresa que esbarra o meu caminho em que me entrego e me nego.
E o tempo, o que ele faz com a gente? Sei lá, tudo muda de uma forma tão surpreendente. E a gente vai se encontrando por aí, carregando em si a dor e a alegria de ser e estar, de viver e amar.

Caio Polonini, heterônimo de Bruno Akimoto
07/12/2011

Com todo o meu amor e carinho à todos que fizeram e fazem parte da minha vida.

sábado, 10 de dezembro de 2011

Amor líquido

Já amei tanto ao ponto de acreditar no que não existia. Me iludi nos caminhos tortuosos de um coração que ainda pulsa no escuro. Abracei e beijei o "nada" na sede de acreditar que quando eu abrisse meus olhos todo o pesadelo não teria passado de um espasmo de momento. Mas a realidade me deu um tapa tão forte que perdi meu rumo e precisei me reinventar. Fui obrigado a me curvar na dor para me reerguer, mesmo sem as respostas que eu precisava ouvir. Ainda perdido, eu sigo meus caminhos na ânsia de me encontrar. Calmo, sereno, seguro. Por um momento pensei em me entregar, mas seria tolice perder a grande oportunidade de viver e ver acontecer. Assim como é burrice viver e não saber esquecer, mas o que faço, se a cada esquina encontro um pedaço meu que perdi no dia em que tudo explodiu?
Eu não sei bem ao certo como a vida vai continuar e quais surpresas irão cruzar meus caminhos, mas mesmo assim eu sigo, repleto de cicatizes chorando pelos meus erros que jamais irei corrigir, e sorrindo, por saber que jamais os cometerei novamente. Fecho meus olhos, minha boca e meu coração. Morri há tanto tempo e só percebi isso quando notei que parei de cuidar de mim. Olhar no espelho, doeu. E então, fechei meus olhos e comecei a procurar uma nova formula de mim. Desisti. Cansei. Morri.

Caio Polonini
10/12/2011


Meu amor, Clarice Lispector. 10 de Dezembro, dia de seu aniversário de vida e morte. EPB, chuva, saudade, medo, noite.