E então, eis que pela manhã me surge um sentimento gritante, me fazendo acordar assustado com o coração acelerado de um recente pesadelo. A noite silenciosa é capaz de produzir escândalos internos de uma criatura em sua abstinência pela vida. E então, eis que se perde o medo e nota-se tudo ao redor, todos os móveis e objetos permanecem em sua mudez contínua, nada é novo, tudo permanece como está, sempre foi e continuará sendo. Preciso parar com a ansiedade e eliminar a indecisão dos meus desejos pessoais, porém descobri que é mais difícil querer algo sozinho, afinal um sonho que se sonha só, não é sonho. E então, eis que ao dormir, me vem pensamentos preguiçosos das possibilidades de sobreviver, mas o que mais me mata é o silêncio da vida, isso me deixa perdido e sem saber o que fazer, me sinto obrigado a seguir os meus extintos e confiar no meu tato. E então, eis que em minha mudez e no silêncio da vida, sou capaz de morrer por instantes, mesmo que por um curtíssimo período, morro. Obviamente que isso é no sentido figurado, pois o silêncio ao mesmo tempo em que é morto, é vivo, pois é capaz de dizer mil coisas em segundos, mas para isso eu talvez precise ver os olhos laranjas que marcaram o meu coração na minha frente, apenas para ter a certeza da verdade que apenas os olhos, independente de sua cor, podem transparecer. A tarefa de interpretar a vida não é fácil para ninguém, infelizmente não podemos encontrar a tal perfeição, afinal, ela não existe e nunca existiu, é tolice procurar por algo apenas imaginável por nós. Creio que não exista a fórmula certa para muitas coisas na vida, creio que não existam respostas para todo questionamento... Ora, não vejo motivos para me preocupar com essas coisas, talvez banais, do cotidiano, apenas quero viver o momento e aproveitar o instante antes que tudo acabe e se torne uma história em um livro de capa velha e amassada. E então, eis que tomo coragem, me levanto e vou regar a minha flor no jardim.
Caio Polonini
17/07/2009
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